Toda autoridade legítima é diaconia, é um Serviço ao povo, uma ajuda, proteção, difusão de bens

Para a Igreja, como ensinou Jesus Cristo (cf. Lc 22,25-26), toda autoridade é “diaconia”, um “ministério” (cf. “Lumen Gentium”, n. 24). O Cardeal Yves Congar explicou bem este ponto na obra “A hierarquia como serviço, segundo o Novo Testamento e a Tradição”. Jesus Cristo foi bem claro sobre como deve ser a autoridade, o poder. O texto está nos Evangelhos. Vejamos, para exemplificar, o texto de São Lucas (22, 25-26), onde Cristo ensina literalmente: “os reis das nações [pagãs] dominam como senhores (…) não seja assim convosco; mas o que entre vós é o maior, torne-se como o último; e o que governa seja como aquele que serve” . A regra é “o que governa seja como aquele que serve”, que ajuda, que dá apoio, proteção, amparo, subsídios. 

O poder público é bom (legítimo) se obedece às regras naturais. As regras (leis) naturais são as ideias do povo, as ideias consensuais, que são, quase sempre, racionais, sociais exigidas pelo bem comum, ou seja, exigidas para um convívio benéfico das pessoas. São regras para assegurar bens para o povo, bens jurídicos, materiais, morais, espirituais, recursos etc.

Francisco Suárez, vivendo em Coimbra, expôs a velha teoria tradicional e democrática da translação do poder. Suarez, dando continuidade à linha dos Santos Padres, ensinou que o poder vem de Deus mediante a sociedade, mediante o povo, pelas ideias práticas do povo, pela mediação do povo. Suarez apenas explicitou idéias que já estavam em Santo Tomás de Aquino, no cronista Fernão Lopes (1380-1458, secretário de Dom João I),na Carta Magna católica, nos Santos Padres e, antes, nas entranhas da Paidéia e do pensamento hebraico.