Boas lições de autogoverno pessoal e social, por Paulo VI

O autogoverno, aplicado à sociedade, opera pela “via legítima” do diálogo. Paulo VI, na “Ecclesiam Suam” (06.08.1964), dividiu esta encíclica em três partes essenciais: “consciência”, “renovação” (“aggionamento”) e “diálogo”. Neste documento, este papa ensinou que a Igreja (e o mesmo vale para o Estado) “não se apresentará armada de coação externa”, e sim divulgará suas idéias “pelas vias legítimas da educação humana, da persuação interior [e racional] e do trato comum, respeitando sempre a liberdade pessoal e civil”.

A forma natural de organizar o convívio social é pelo diálogo racional, pautado pelo bem de todos, pelo interesse geral, social. As normas (regras) da boa convivência, pautada pelo bem geral, estão sujeitas, tal como as demais idéias práticas, a constantes renovações (“aggionarmentos”, cf. Maritain, Alceu, João XXIII e Paulo VI).

Nesta encíclica, Paulo VI destacou a importância do ecumenismo com as pessoas “que não professam nenhuma religião”, inclusive com “os ateus”. Frisou que muitas pessoas sem religião possuem “sonhos de justiça e de progresso”, com “paixão” e “utopia”; e que a Igreja deve “reconduzir [exatamente a meta deste meu livro e do outro sobre socialismo] às fontes, que são cristãs [preponderantemente], essas expressões e valores [idéias] morais”. Esta recondução facilita o diálogo, pelo destaque dos pontos comuns, sendo este o método do ecumenismo. No texto de Paulo VI há uma alusão ao marxismo e a outras correntes que estão empapadas de idéias cristãs e hebraicas, que têm fortes conteúdos cristãos, pelas fontes hebraicas e cristãs de pensadores como Marx e outros.

O ateísmo nunca dura muito, pois não tem perspectivas boas para o futuro pessoal, para a vida de cada pessoa.