O tomismo aberto, sincrético, eclético, democrático, realista, de Leonel Franca

Para o grande padre Leonel Franca, amigo de Alceu e de Getúlio Vargas, a essência do tomismo é ecumênica, porque este é uma concepção “aberta e criativa” do “realismo”. O realismo, por sua vez, no prisma da teoria do conhecimento, é a filosofia implícita no cristianismo e também a base do jusnaturalismo. O jusnaturalismo realista e cristão tem fundamento na “natureza das coisas”, que “ensina”, cf. lição de São Paulo, na primeira carta aos coríntios (11,14).

O padre Franca elogiava também um filósofo francês chamado Victor Cousin (1792-1867), formulador do “ecletismo”, que atuou como um esboço de ecumenismo na filosofia. O próprio Cousin (autor da obra “Curso de História da Filosofia”, em oito tomos, de 1815-1829) definia seu ecletismo do seguinte modo: “em geral, na história da filosofia, estamos a favor” das idéias baseadas “na razão”. Para isso, recomendava o discernimento “do verdadeiro e do falso” que há “nas diversas doutrinas”, depurando, pela análise, e aceitando o que há de legítimo em todas as correntes, para gerar “uma doutrina melhor e mais vasta” (cf. foi exposto no livro “Primeiros ensaios de filosofia”, de Cousin).

Este é também o bom ecletismo de um Cícero e de Santo Tomás de Aquino, é o bom ecletismo do tomismo aberto, que era a corrente do padre Leonel Franca, de Maritain e de um Alceu.

Cousin foi Ministro da Educação, na França, após a revolução de 1830. Sua escola eclética e espiritualista (no sentido de cristã) também prova que os católicos sempre aceitaram, com base nas idéias específicas e em germe no catolicismo, a democracia. Cousin ensinava que: “o Estado constituído de acordo com as normas da moral é aquele em que todos participam o mais intensamente possível dos destinos da pátria e o conduzem para onde lhes apraz, na corrente da via, na consciência dos deveres públicos”.