As boas lições socialistas de Emile Durkheim

Emile Durkheim, no livro “Sociologia e filosofia” (São Paulo, Ed. Ícone, 1994, p. 142), também destacou a “objetividade” dos valores, a carga emotiva contida nos mesmos, representando as emoções ligadas aos “ideais” (idéias) que devem transformar e elevar a sociedade.

Este grande sociólogo, socialista da escola de Saint-Simon, ensinou que “os julgamentos [juízos] de valor e os julgamentos de realidade” têm a mesma estrutura, pois “não existe entre eles diferenças de natureza”, pois nascem da “faculdade natural” do conhecimento humano.

A conclusão de Durkheim (aluno de Émile Boutroux) é clara: os valores (as idéias de valoração) são juízos baseados na “relação entre a realidade e os ideais”, que permitem avaliar a realidade e alterá-la. Assim, no núcleo dos juízos há os ideais, as idéias e é sobre “os grandes ideais” que se “assentaram as diversas civilizações”.

Mais adiante, Durkheim ensinou que “estes ideais não são outra coisa que as idéias nas quais se reflete e resume a vida social”, idéias estas objetivas, pois nascem da sociedade, estão difusas na consciência da sociedade, do povo.

Como destacou Durkheim, no “corpo” da sociedade, no povo, “vive uma alma: é o conjunto dos ideais coletivos” (os sonhos, de Luther King). Os juízos de valor visam “transfigurar as realidades a que se relacionam”, “aperfeiçoando”, melhorando e elevando as pessoas e a sociedade (conservando e melhorando a natureza geral e humana).

Os “ideais” são “construções do espírito”, nascidas da natureza e da sociedade, mas que visam, por suas “energias”, “de certa maneira, superar-se a si própria”, elevando a sociedade, “a um nível de vida superior”.

Durkheim ensinava que a própria “sociedade não pode chegar a constituir-se sem a crença em um ideal”, sem idéias que iluminem a conduta das pessoas. Ele destacou que “a sociedade é, além disso, a morada de uma vida moral interior, cujos poder e originalidade nem sempre são reconhecidos”.