Buchez, um grande democrata popular da Igreja

O próprio Marx descreveu, em vários textos, o papel do “socialismo católico” de Buchez, o papel positivo de Montalembert e as decisões democráticas do Congresso de Malines (com a participação de Ketteler), de 1863.

Um dos principais expoentes da doutrina social da Igreja foi Philipe Joseph Benjamin Buchez (1796-1865), que redigiu obras como “Introdução à ciência da história ou ciência do desenvolvimento da humanidade” (1833) e “Tentativa de um tratado completo de filosofia sob o ponto de vista do catolicismo e do progresso” (1839).

Buchez é o maior cooperativista do século XIX. Ferdinand Lassalle e Lous Blanc foram seguidores das idéias de Buchez. Marx e Engels reconheceram a dívida de Lassalle a Buchez.

Buchez queria que o Estado apoiasse a criação de cooperativas populares, para transformar toda a economia em economia cooperativista.

Buchez teve atuação literária, jornalística e ainda militou na política. Chegou inclusive a lançar as bases de um bom ecumenismo valorizando os aspectos salvíficos da religiosidade hindu, do bramanismo (hinduísmo), expondo os pontos comuns do hinduísmo com o catolicismo. Buchez liderou a Carbonária francesa e depois presidiu, por algum tempo, a Assembléia Constituinte de 1848, na França. Foi um dos maiores leigos da Igreja.

Buchez, Lacordaire, Ozanam, Tocqueville, Ketteler, Rosmini, Dupanloup e Chaadaev foram alguns dos principais expoentes do catolicismo social no século XIX. O ideal histórico destes autores é o mesmo de hoje, adotado pela teologia da libertação e pela Doutrina Social da Igreja: uma democracia social, participativa, um Estado popular que abolisse a miséria e as grandes fortunas privadas (o mesmo ideal distributista de Chesterton e outros), uma boa e saudável economia mista, com boas estatais, controles públicos, planejamento público participativo, milhões de pequenas propriedades privadas, distributismo radical.

Estes ideais continuam atuais, embora, com o decurso normal da história, tenham surgido acréscimos naturais, novas idéias, pois a humanidade progride na consciência, no conhecimento de idéias melhores e mais eficazes para reger racionalmente o convívio social, de tal modo que o bem comum seja realizado cada vez mais.

Karl Marx reconheceu que Pio IX foi progressista no início da Revolução de 1848. Afinal, Pio IX tinha a seu lado homens como Carlos Armelini (1777-1863), que foi Ministro, ao lado de Mazzini e Saffi. O atual papa Bento XVI disse que era preciso buscar “uma plataforma de acordo em relação a esses movimentos” do mundo moderno. No mesmo sentido, o Cardeal Leo Suenens (digno sucessor do Cardeal Mercier (1851-1926) no arcebispado de Malines na Bélgica) foi um dos principais luminares do Concílio Vaticano II e escreveu que “o Vaticano II é a Revolução Francesa da Igreja”, o que implica no reconhecimento das fontes cristãs da Revolução Francesa.