A Igreja combateu o nazismo e disse que somos espiritualmente semitas.

Com base na concepção jusnaturalista democrática e popular da Doutrina social da Igreja, que é clássica, Pio XI, na “Mit brennender sorge” (14.03.1937), condenou o nazismo, destacando o fato do Estado nazista ter “hostilidade fundamental a Cristo e Sua Igreja”. Neste documento, Pio XI criticou o nazismo por conta da deificação da raça, da autoridade e principalmente do Estado, da autoridade. A Igreja, desde Cristo e os Apóstolos, combateu a deificação do poder público, a divinização do poder público, das leis positivas.

Contra o nazismo, a Igreja travou duro combate. Destacaram-se o beato Clemens August von Galen (1878-1946, elevado ao cardinalato por Pio XII, em 1946), São Maximiliano Kolbe e outros milhões de católicos (inclusive Claus Stauffenberg, na “operação Valquíria”, que arquitetou um atentado contra Hitler e a cúpula do Partido Nazista). Após a “Mit brennender sorge”, 304 sacerdotes foram enviados ao campo de concentração de Dachau. Em 05.11.1943, a Luftwaffe bombardeou o Vaticano, jogando quatro bombas que destruíram parte da estação do trem. Os nazistas chegaram a elaborar um plano para sequestrar Pio XII.

Pio XII, mais tarde, ensinou que os governos totalitários foram uma das principais causas da Segunda Guerra, também gerada pelo capitalismo e pelo imperialismo. O ódio simultâneo ao catolicismo e ao marxismo é parte integrante de um horrendo complexo de idéias, compartilhado pelos nazistas, pelos fascistas, a Ku Klux Khan, por Nietzsche, Ayn Rand (1905-1982) e outros expoentes liberais com péssimos textos. Isto é bem sintomático, pois, no fundo, o que os exploradores e tiranos odeiam é a concepção  cristã e clássica sobre o primado do bem comum, que é o primado da pessoa comum.

A Klux também perseguiu negros, católicos, asiáticos, judeus, porto-riquenhos, chicanos, comunistas etc. Da mesma forma, Bismarck e Hitler perseguiram a Igreja, os hebreus e a democracia. Pela mesma razão, Nietzche tinha ódio dos católicos, de Sócrates, da democracia, do pacifismo e do socialismo.

Em 06.09.1938, Pio XI, perto da morte, ao receber uma comitiva belga, leu num missal sobre Abraão, onde se pede a Deus que receba as oferendas na Missa do modo como recebeu o sacrifico de Abraão, o papa lembrou que somos filhos espirituais de Abraão, “nosso Patriarca”, que somos espiritualmente semitas. Pio XI disse que “o antisemitismo não é compatível com o pensamento e a realidade sublime” desta oração e do cristianismo, sendo “um movimento abominável”. No final do encontro com os belgas, Pio XI chorou e disse: “o antisemitismo é inadmissível. Somos todos espiritualmente semitas” (“em termos espirituais, somos todos semitas”). As palavras papais foram divulgadas principalmente por Dom Luigi Sturzo (democrata cristão elogiado por Gramsci), no jornal belga “Cité Nouvelle” (“Cidade Nova”). O católicos consideram sagrados os textos bíblicos, inclusive o livro I de Macabeus (3,59), que ensina: “é preferível para nós morrer no combate a ver o extermínio do nosso povo e das coisas santas”.