O anti-povo, o Verme, a oligarquia brasileira

O anti-povo, o grande Verme, a oligarquia, no Brasil, é formado principalmente por umas 5.000 famílias com mais de 50% do PIB. Destas, há uns 2.500 latifundiários que detém milhões de hectares. Num círculo um pouco mais largo, há uns 150.000 milionários no Brasil. São estes, coletivamente, o grande Verme, as grandes sanguessugas, vampiros-vermes que infestam o país. A situação brasileira é bem pior que a retratada por Ferdinand Lundberg, no livro “Os ricos e os super-ricos” (Rio, Ed. Civilização Brasileira, 1972), onde descreve o controle do poder público norte-americano por “200.000” milionários. Como confessou Cláudio Lembo (ex-reitor da Mackenzie e pefelista-demo, logo, por “dentro”): “nós temos uma burguesia muito má, uma minoria branca perversa”.

A existência de bilionários e multimilionários é a coisa mais obscena possível. Os livros de René Armand Dreifuss, especialmente “1964, a conquista do Estado” e “Transformações: matrizes do século XXI” (editados pela Vozes, por Rose Marie Muraro), descrevem as nefandas grandes corporações multinacionais, os CEOS e alguns de seus “empregados”, alguns políticos-fantoches neoliberais. Concordo com o falecido René: só um Estado mundial, como queria João XXIII, pode destruir a oligarquia das multinacionais, formando grandes estatais multinacionais que substituam este acúmulo obsceno de poder econômico e político. Transformar os grandes oligopólios (base econômica da oligarquia) em boas estatais e boas cooperativas. 

A maior parte das fortunas privadas, como já ensinava São Jerônimo, vem de crimes, da brutal exploração dos trabalhadores, dos consumidores, da formação de trustes e cartéis e do saque do Estado. O próprio Marx, em “O capital” (Rio, Ed. Civilização Brasileira, 1998, p. 837), descreveu a origem da riqueza privada dos latifundiários (nobres) e capitalistas ingleses: “os proprietários da mais-valia, nobres e capitalistas… inauguraram a nova era” ampliando “em escala colossal os roubos de terra do Estado, até então praticados em dimensões mais modestas. Essas terras foram presenteadas, vendidas a preços irrisórios ou simplesmente roubadas mediante anexação direta a propriedades particulares”. Outra fonte foi o saque das terras da Igreja e o ouro e os bens do terceiro mundo, especialmente do Brasil.

Hoje, os ricos (isto é, bilionários e multimilionários) amealham fortunas com o mecanismo iníquo da dívida pública (pura usura) e com as privatizações. As piores “entregas” foram a da Vale do Rio Doce, das Teles, do sistema elétrico, siderurgia, bancos estaduais, dos portos etc. As mais de 100 privatizações no governo FHC junto com as privatizações russas feitas por Yeltsin foram, na visão de Hobsbawm, os piores saques do mundo, na década de 90. Outro sumidouro são os contratos de empreitada (os grandes empreiteiros são vampiros) e outros contratos públicos (aluguéis, serviços com terceirização etc) leoninos, onde os ricos drenam os recursos públicos para consolidar seu poder econômico e político.

Os dados sobre os “ricos”, no Brasil, constam de artigos de Márcio Pochmann, tal como no livro de A. Campos, “Os ricos no Brasil” (São Paulo, Ed. Cortez, 2004), tal como em obras elaboradas por Emir Sader. A pirâmide é tão alta que “5 mil clãs parentais possuíam um volume patrimonial equivalente a 42% do PIB anual”, deixando os outros 58% para 51 milhões de famílias. Na América Latina há 14.000 clãs, dos quais 5.000 são do Brasil.

No prisma ético, como Deus fez tudo para todos, a pessoa que tem um patrimônio privado na casa de vários milhões ou mais vive numa situação torpe. Em regra, é uma pessoa depravada no sentido ético, salvo honrosas exceções. Enquanto os pobres, em regra, são honestos, salvo exceções. Por estas razões, o poder público deve ser controlado pelos trabalhadores e remediados (mediania), porque são mais honestos e detendo os cargos-chaves poderão repartir os bens para não haver nem ricos nem pobres, apenas pessoas medianas e honestas, preocupadas com ajudar o próximo.