A influência do cristianismo foi em prol da democracia popular

A influência do cristianismo, especialmente pelos textos da Bíblia, é evidente na formação da democracia nos EUA, na Europa, na Ásia (basta pensar em Sunt Yat Sen ou no maior levante campônes na China, com influência cristã). Ocorre o mesmo na Inglaterra, como pode ser visto nas obras excelentes de Christopher Hill, o maior historiador marxista da Inglaterra. Há a mesma comprovação na história da França, de Portugal, do Brasil e de todos os países europeus e americanos, repercutindo também no Japão, na China, no leste da Europa, na Oceania e na África.

Como também apontou João Paulo II, as “Regras” das ordens de São Bento, dos monges de São Bernardo, dos franciscanos e principalmente a dos dominicanos são claramente democráticas, com eleições em todas as instâncias (abades, gerais, com parlamentos, formas de consulta da base etc), busca de consensos etc. A estrutura monástica era democrática já nas unidades da Tebaida, região do Egito próxima de Tebas do Egito.

A estrutura das ordens e das congregações religiosas influenciou a gestação das idéias democráticas. Ocorreu o mesmo com a estrutura dos Concílios, que foi utilizada para os Parlamentos. Da mesma forma, a eleição de bispos (e sacerdotes) e as eleições dos papas foram fontes decisivas para o florescimento dos governos representativos, dos parlamentos nacionais (inspirados também nos governos representativos das cidades e nos parlamentos regionais) etc. Além destas estruturas eletivas e representativas, houve também, como causa teórica, o pensamento claramente democrático dos Santos Padres, baseado na síntese entre o pensamento hebraico e grego-romano.

Hipólito José da Costa foi o criador do “Correio Braziliense”. Foi um dos homens que mais ajudaram no processo de independência do Brasil. Ele também apontava as confrarias religiosas, no Brasil, como exemplos de um regime representativo de convívio social, de instituições livres. Hipólito escrevia:

as confrarias religiosas serviam para fornecer a idéia das eleições e do governo representativo”, “pois nas confrarias havia o compromisso, a que se obrigavam os confrades; no Estado havia a Constituição; nas confrarias, os irmãos elegiam uns tantos consórcios para compor a mesa dirigente em certo período, e mais o juiz ou presidente, o tesoureiro, o secretário, o andador; no Estado, aconteceria o mesmo em ponto grande, escolhendo o povo o parlamento”.

Conclusão: as instituições da própria Igreja são quase todas representativas, democráticas. Estas estruturas representativas e eletivas influenciaram a gestação das estruturas do Estado Democrático Social, Popular.